Motoristas da Pefoce acusam policial civil de assédio sexual no Ceará: ‘Passava a mão, pegava no rosto, dizia que a boca era linda’

 


On 12 abr 2024

Um escrivão da Polícia Civil do Ceará está sendo acusado de assédio moral e sexual contra vários motoristas terceirizados que prestaram serviço para ele, que atualmente ocupa um cargo de confiança na Perícia Forense (Pefoce), em Fortaleza.

Segundo as denúncias, o homem tentava beijar e tocar as partes íntimas dos motoristas, pedia fotos, enviava mensagens pornográficas e perseguia os terceirizados quando tinha suas investidas recusadas. Muitas vezes, ele oferecia dinheiro, presentes e passeios em troca de práticas sexuais.

Conforme as vítimas, a situação ocorre há cerca de dois anos. Entre 10 e 15 motoristas denunciam ter sofrido assédio moral ou sexual do policial. Alguns deles, inclusive, alegam ter sido demitidos após a recusar os avanços do policial.

Uma das vítimas com quem a TV Verdes Mares conversou, que não será identificada, diz que o motorista que não aceita as investidas do escrivão “automaticamente passa a ser perseguido e ele cria circunstância, pede para assinar advertência e acaba colocando para fora”.

“No WhatsApp ele já pediu pra mostrar a foto dos nossos órgãos, ele pergunta o que a gente tá fazendo e pede pra mostrar a foto, pede pra deixar ele em casa, no trajeto, no translado, ele convida pra subir no apartamento, então, você fica constrangido, porque você não sabe, fica até sem reação”, completou a vítima.

Uma testemunha que conversou com a TV Verdes Mares apontou que ele chegava a tocar e tentar beijar um colega de trabalho que é motorista.

“Ele chegou passava a mão nas pernas dele, pegava no rosto dele, virava o rosto dele, dizia que a boca era linda”, relata. “[Fazia] pedido pra dar um beijo, tipo assediando, né, durante o trajeto do trabalho até a residência dele, pedia pra subir no apartamento, entendeu, e são coisas assim que pro pai de família fica muito constrangedor, certo, e são situações que até hoje vem acontecendo e nada acontece”.

Além das práticas de assédio moral e sexual, as vítimas denunciam que o funcionário público também utilizava os serviços dos motoristas terceirizados e dos carros da Pefoce para resolver assuntos pessoais, como fazer compras e ir ao cartório.

Muitas vezes, segundo a denúncia, o escrivão usava viaturas descaracterizadas da Polícia Civil para fazer serviços particulares.

Meses depois, este motorista foi transferido de volta para a Pefoce e os assédios recomeçaram. No depoimento, o motorista afirma que o escrivão disse que “era para estarmos em uma convivência melhor se tivesse aceitado as propostas que foram feitas”. Pouco depois, o motorista saiu de férias, e quando voltou foi demitido.

Em nota, a Perícia Forense informou que “não compactua com nenhuma situação de assédio moral ou sexual e que tomará todas as medidas cabíveis”, e destacou que o caso foi remetido à CGD e ao Ministério Público do Ceará. Também em nota, o Ministério Público informou que vai instaurar procedimento para apurar o caso.

Sobre as demissões dos motoristas terceirizados, a Pefoce explicou que “apenas devolve os colaboradores” para a empresa terceirizado, e que a empresa é que decide demitir ou não o colaborador.

Segundo a Pefoce, a devolução do colaborador ocorre “quando há cometimento de conduta inadequada que fere às normas e diretrizes da instituição, o que aconteceu nesse caso [do motorista demitido na volta das férias], tendo sido a devolução realizada por outras razões, antes de quaisquer denúncias por parte do terceirizado”.

Fonte: G1 CE

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