Peixe venenoso que invadiu mar do Ceará pode se espalhar por todo litoral brasileiro em até 2 anos

 

Considerado venenoso, o peixe-leão pode se espalhar por todo o litoral brasileiro em até dois anos, segundo o biólogo Marcelo Soares, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC). A previsão foi dada em entrevista à BBC Brasil.

Recentemente, houve registros do animal na costa nacional, incluindo no Ceará. Para o biólogo, há risco de o peixe se espalhar por todo o oceano brasileiro e chegar ao Uruguai.

Ao Diário do Nordeste, o profissional também já havia alertado sobre a ameaça para o ecossistema cearense, brasileiro e sobre o período para observar os impactos.

“Ele se alimenta da fauna nativa, principalmente peixes, e não tem predadores naturais. Assim, a população cresce muito, se não houver controle por ação do governo. Portanto, modifica profundamente o ecossistema e também a pesca artesanal. Os dados iniciais apontam para riscos a 29 espécies de peixes brasileiros, fora a alteração do ecossistema em si.”
MARCELO SOARES
Professor do Labomar-UFC e pesquisador do Programa Cientista-Chefe Meio Ambiente,

 

Os primeiros registros do animal, nativo dos oceanos Índico e Pacífico, aconteceram no Litoral Oeste, como as praias de Camocim e de Jericoacoara, no início de março deste ano. Desde então, já aparece em metade dos municípios de praia, como Icapuí, Aracati, Iguape e Pecém.

O especialista projeta que, caso siga o ritmo atual, o peixe invadirá o restante do litoral do Estado até o fim deste ano. E, em dois ou três anos, estará presente em toda a costa brasileira.

Além de ser encontrado no mar, o peixe-leão também foi identificado na região de estuário (área de encontro entre um rio e o mar) do Rio Timonha, em Barroquinha, Região Norte do Estado. O avanço em água doce do invasor aumenta o risco para as espécies nativas, conforme o professor.

“O estuário é o berçário da vida marinha. A maternidade. Então ele vai se alimentar lá. Fora que no estuário existe o risco de acidentes com pescadores e marisqueiras (catadoras de moluscos). A água é mais turva e é difícil de ver ele.”

Segundo Ministério do Meio Ambiente (MMA), é provável que esses animais tenham chegado aqui vindos naturalmente pelas águas do Caribe, onde também é um invasor, por meio de correntes marítimas. Entretanto, a possibilidade dessa introdução ter sido provocada também por aquaristas amadores ainda não está descartada.

 

Fonte: Diário do Nordeste

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