A iniciativa, que já havia ficado em 1º lugar na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) 2023, agora recebe reconhecimento internacional, obtendo destaque no Special Award, cerimônia em que honrarias são concedidas por dezenas de sociedades científicas, universidades, empresas e outras entidades. As alunas cearenses obtiveram a 1ª colocação no prêmio oferecido pela United States Agency for International Development (USAID), na categoria Climate and Environmental Protection, e receberam 5 mil dólares. Além disso, ambas foram finalistas gerais da ISEF na categoria Environmental Engineering.
Lauanda é aluna da 3ª série do curso técnico em Enfermagem na EEEP de Pedra Branca. Apesar de acreditar no potencial transformador do projeto que desenvolveu junto com a colega, a jovem não esperava que a iniciativa iria conquistar tamanha projeção. “É uma experiência diferente de tudo que eu já imaginei viver, é surreal pensar que a gente cresceu tanto e chegou nesse momento internacional. Tenho apenas 17 anos e ter passado por tudo isso vai mudar toda a minha trajetória e a minha percepção sobre a vida”, comemora.
Na visão de Kalyne, que também cursa a 3ª série do Ensino Médio técnico em Enfermagem, a viagem serviu para “abrir a mente” e ter a certeza de que a iniciação científica na escola pode gerar grandes oportunidades. “Esse era um sonho muito distante, e quando o atingimos foi inacreditável. A experiência internacional foi indescritível, conhecemos novas culturas, costumes, aprendemos coisas novas, foi tudo incrível”, comenta.
Fator social
O projeto apresentado pelas estudantes tem o objetivo de aumentar o acesso à água potável em localidades onde o recurso natural é escasso. O trabalho, conforme Kalyne, aponta uma alternativa barata e fácil para o tratamento da água.
“Eu sempre tive essa paixão por pesquisar e descobrir coisas novas, e quando vi a necessidade de uma pesquisa de tratamento de água na minha cidade, me vi na missão de desenvolver algo que melhorasse o meio em que vivo”, pontua.
Lauanda defende que o consumo de água pura impacta diretamente na qualidade de vida da população. “Observo muito a situação da cidade em que resido, que vinha sofrendo durante anos com problemas relacionados à água. O nosso projeto tem a capacidade de mudar a vida de várias pessoas, principalmente as de baixo poder aquisitivo, e esse é nosso principal intuito. A escola nos incentivou, apoiando a nossa ideia e nos dando total suporte para a pesquisa”, explica.
Na viagem aos Estados Unidos, a programação das cearenses contou com passeios a museus, palestras e momentos de interação com estudantes de outros países, além da oportunidade de apresentar o trabalho em estande de exposição.
O professor orientador do trabalho, Renato Moreira, considera que o incentivo à pesquisa está diretamente relacionado ao desenvolvimento do senso crítico nos alunos. “Tentamos mostrar que a ciência não é algo de filme de ficção, mas sim algo do nosso cotidiano, que tem o objetivo de solucionar problemas reais, com os recursos que temos disponíveis. Nesse projeto, nós amenizamos a escassez de água com a utilização de uma planta que é frequentemente descartada de maneira inadequada, gerando lixo ambiental. Então, solucionamos dois problemas ao mesmo tempo”, enfatiza.
O professor salienta que os ganhos obtidos com o trabalho transcendem os próprios resultados alcançados e se convertem em experiências de vida. “O contato com a iniciação científica possibilita aos estudantes ganhos interpessoais, bagagem laboratorial e metodológica, além de capacidade de argumentação, que serão diferenciais ao longo da sua trajetória. Não se trata apenas de aprender um conteúdo de química ou biologia, mas de aprender a analisar dados quantitativos e qualitativos, investigar aspectos históricos, além de observar a sociedade, convertendo-se em um conhecimento interdisciplinar, reforçado em várias vertentes”, ressalta.
Fonte: Governo do Estado
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