Ministério da Justiça notifica Qatar Airways após caso de gordofobia


Secretaria investiga caso de influenciadora brasileira impedida de embarcar em voo no Líbano. Companhia tem 10 dias para se manifestar

A Senacon informou que a notificação foi enviada nessa segunda-feira (28/11), após o órgão tomar conhecimento da possibilidade de discriminação de passageiros por parte de funcionários da empresa. A companhia tem o prazo de 10 dias para se manifestar.

“Diversas reportagens noticiaram na imprensa que, no dia 22/11, a Qatar impediu uma consumidora de embarcar em um voo no Líbano, por ter sido considerada ‘demasiadamente gorda’ pela companhia, condicionando o seu embarque à aquisição de um bilhete na classe executiva ou dois bilhetes na classe econômica”, diz a Senacon.

“Além disso, a consumidora deveria pagar multa por não ter embarcado na data e no horário do voo”. O órgão informa que, com base no relato da influenciadora nas redes sociais, “apura se houve prática infrativa na prestação de serviços do grupo”.

“A conduta da companhia pode afetar inúmeros cidadãos brasileiros em condições iguais a da consumidora em questão”, complementa.

A companhia deverá explicar à agência quais são as medidas operacionais que foram ou estão sendo adotadas para eliminar situações como essa, além de detalhar a política praticada pela empresa direcionada a passageiros obesos.

Denúncia de gordofobia
O caso ocorreu na última terça-feira (22/11), quando funcionários da companhia impediram a influenciadora, que estava no Líbano, de embarcar em um voo para Doha, no Catar, por “ser muito gorda”. Segundo relato de Juliana, a empresa pediu que ela comprasse um assento na classe executiva ou dois bilhetes na classe econômica.

“A aeromoça da Qatar disse que eu não posso embarcar porque eu sou muito gorda e não tenho direito a essa passagem. Estou eu, a minha mãe, a minha irmã e meu sobrinho, nós pagamos US$ 4 mil (cerca de R$ 21 mil) por essas passagens”, desabafou, emocionada.

Juliana Nehme

Segundo Juliana, a Qatar alegou que ela não tem direito à passagem econômica, que foi comprada por US$ 1 mil, o equivalente a R$ 6 mil. Para viajar, ela teria que desembolsar US$ 3 mil, cerca de R$ 16 mil, em uma passagem executiva, ou adquirir dois bancos comuns.

“Eles estão negando o direito de eu viajar. Eu vim de Air France normal, não tive problema, e agora eles estão me negando a minha passagem… Gente, eu tô desesperada, me ajudem. Eles não querem que eu embarque porque eu sou gorda. A passagem business custa US$ 3 mil e não tenho. Não sei o que fazer”, desabafou.

Ajuda da embaixada brasileira
Na manhã de quinta-feira (24/11), Juliana gravou Stories contando que está recebendo ajuda da embaixada brasileira no Líbano. “Consegui falar com o embaixador do Brasil no Líbano e ele está me ajudando. Ele conseguiu falar com a Qatar, mas ela não abre mão do pagamento de uma passagem extra e da multa”, desabafou.

A informação divulgada em nota pela companhia contradiz o relato da vítima. Segundo comunicado enviado também na quinta-feira, Juliane e seus acompanhantes já teriam sido realocados. A empresa manteve o posicionamento quanto à recusa ao embarque da influenciadora e a acusou de ter destratado os funcionários que trabalham no embarque. A brasileira nega.

 

Fonte: Metrópoles

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