Após se assumir gay, Bruno Camurati tem show cancelado no Halleluya

 

Com mais de uma década de carreira como cantor e compositor de música católica, Bruno Camurati se assumiu gay no início do mês, durante o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Em suas redes sociais, escreveu um poema para falar sobre o assunto e recebeu o apoio do público. E, na quinta-feira, 30 de junho, ele comunicou que sua apresentação no Festival Halelluya, que acontece em julho deste ano em Fortaleza, havia sido cancelada.

“Eu agradeço a todo mundo que estava desejando e estava na expectativa pelo evento. Tantos de vocês esperavam me encontrar lá e estavam se planejando pra ir até de longe, e, por isso, precisei vir aqui avisar”, escreve o artista em suas redes sociais. Nos comentários, fãs alegam que a situação teria ocorrido por ele abordar sua sexualidade publicamente.

“Oficialmente não foi me dado um motivo, somente o informe de que estaria cancelado. Isso aconteceu alguns dias depois de eu ter feito alguns posts na internet sobre a minha sexualidade, e, por isso, eu imagino que seja o motivo. Mas, infelizmente, não houve diálogo com a organização do evento”, explica o cantor em entrevista.

O POVO entrou em contato com a assessoria do festival. Entretanto, até o momento de publicação desta matéria, não houve retorno sobre o motivo do cancelamento da participação de Bruno Camurati na programação.

Padre Julio Lancellotti foi uma das pessoas que se solidarizaram com o artista: “Solidariedade ao cantor Bruno Camurati, que teve apresentação cancelada em festival católico por ter revelado ser gay. Nem todos os grupos católicos ouviram a palavra de Francisco: a Igreja tem lugar para todos!”.

Respeito, recepção e carreira

Apesar dessa situação, o artista ressalta a boa recepção das pessoas que lhe acompanham. “Me senti extremamente amado e aceito por centenas de pessoas. Além disso, muitos vieram testemunhar que vivem ou viveram uma história semelhante à minha, e como é importante verem-se representados, como se as canções fizessem ainda mais sentido agora”, diz.

Há anos, sua trajetória vem sendo construída de uma forma que promove respeito às questões de diversidade e humanitárias. “Entre”, álbum que está disponível nas plataformas digitais, é um desses exemplos: as faixas tratam de empatia, acolhimento, compreensão e respeito às diferenças.

“Desde que eu me entendi como homossexual e entendi como o amor de Deus me alcança, senti a necessidade de falar sobre isso. Acredito que, através das nossas experiências mais pessoais, conseguimos gerar identificação com muita gente. Percebi que muitas pessoas partilhavam dos meus sentimentos, mesmo que vivessem outras realidades”, reflete.

Ele explica que decidiu assumir sua sexualidade publicamente por uma série de motivos: além de sua carreira dialogar com o respeito, a sociedade também está mais aberta para conversar sobre o assunto. “Parecia que era o momento certo”, complementa.

De acordo com o artista, há uma importância de falar sobre a comunidade LGBTQIA+, principalmente, entre as pessoas que vivem o cotidiano católico. “Acho importante, primeiro, para mostrar que esses artistas estão na Igreja, que eles existem. Seja cantando sobre suas experiências ou somente cantando louvores, eles devem ser possibilitados de cantar, e não serem excluídos da comunidade. Existem artistas LGBTQIA+ como existem artistas que são pessoas autistas, pessoas com deficiência, casados, solteiros, brancos, negros… É somente uma característica”, aponta.

Para Bruno Camurati, esse movimento pode trazer maior conexão entre a comunidade LGBTQIA+ e a fé. “Quando pessoas homossexuais veem artistas que são como elas, cantando sobre seu amor a Deus, elas não só se sentem representadas como entendem que é possível ter fé, rezar e cantar, sendo quem são”, considera.

Fonte: O povo

Postar um comentário

0 Comentários