Ucraniana que morou no Brasil pede orações em razão da guerra contra a Rússia: 'Sei que podem rezar por nós'

 


NOTICIA DO MUNDO 



A ucraniana Olga Tarnovska mantém uma relação afetuosa com o povo brasileiro após morar durante sete anos no Brasil — sendo seis meses em Fortaleza — e a reciprocidade deste sentimento é o que ela espera durante a guerra que o país natal dela enfrenta contra a Rússia.

 

“Eu sei que o povo brasileiro não é o povo europeu, que pode nos mandar dinheiro, mas tem muito bom coração. Eu sei que podem rezar por nós, fazer alguma coisa, que seja pequena, mas eu já agradeço”, diz.

 

Olga conta, inclusive, que já recebeu apoio de preces de brasileiros. “Ontem eu fui contactada por uma vidente brasileira, que me viu na televisão. Ela me contactou para me apoiar, para falar que os videntes do Brasil, de Fortaleza, se juntaram e estão fazendo um trabalho para proteger a Ucrânia, dar força ao povo, mandando energia positiva e alto astral para a gente”, disse a professora.

 

Olga, que é professora, trabalhou na capital cearense quando esteve no Brasil, em 2018, e lembra de notícias como a chacina ocorrida no Bairro Cajazeiras e os incêndios a ônibus realizados por facções criminosas, experiência que ela compara à rotina de 2022.

 

“Às vezes, às 9h da manhã, eu já sabia que tinha tantos mortos, agredidos. E eles já entravam no ar com o jornal, com várias pessoas morrendo. Aquela chacina. É isso que estamos vivendo: várias pessoas massacradas por nada. Mas não só de um lado, dos dois lados”, relembra Olga.

 

“Aqui estamos com mísseis entrando indiscriminadamente. Em várias cidades têm vários embaixo da terra, vivendo”, diz a ucraniana.

 

Resistência na guerra

Olga também relata sobre a experiência de estar inserida em ambiente de tensão e conflito no país onde mora e como se sente resistindo aos movimentos da guerra. "Todos os ucranianos estão num estado terrível, vivendo uma chacina ao vivo, porque estamos aqui vendo a nossa capital, todas as cidades, de todos os lados, estamos lutando contra um dos maiores exércitos do mundo, estamos resistindo. Ninguém nos dava mais de 24 horas, mas estamos resistindo há cinco dias e já estamos infringindo o nosso inimigo. Ele está sofrendo muitas perdas; essas perdas nem sempre saem na televisão. A Rússia está fazendo muita propaganda falsa de informação", informa Olga.

 

A professora explica que em 2014, quando ocorreu a Guerra da Crimeia, ela assistiu tudo à distância, pois residia no Brasil, e esse é um dos motivos que a impulsiona a resistir aos ataques russos atuais.

 

“Queremos ganhar essa guerra porque essa é a nossa terra. Eles nos invadiram. Em 2014 [Guerra da Crimeia], eu estava morando no Brasil. Eu vivi essa guerra à distância. Eu sou uma pessoa que nunca chora, mas eu estava chorando de impotência, porque não era uma guerra civil, todo mundo na Ucrânia sabia que eram os russos nos invadindo”, conta a professora.

 

“Eu voltei e também estou sentindo essa impotência, mas não tanto porque eu não choro. Estou combatendo a minha guerra que é a guerra de informação. Estou tentando mostrar pro mundo o outro lado desse conflito, a visão da Ucrânia, de um país que está tentando, que está disposto a morrer de forma digna, lutar até a última bala”, reforça a ucraniana.

 

Ela comenta que, na manhã desta segunda-feira (28), foram repassadas informações oficiais que apontavam 5.300 soldados russos mortos, centenas de bases destruídas e 800 carros blindados. “Ou seja, uma barbaridade de perdas que o exército russo está sofrendo”, avalia a professora.

 

Ela conta que, durante a entrevista, ficava atenta a qualquer aviso ou informação sobre novos ataques, para que ela pudesse tentar proteger a própria vida. Quando perguntada sobre o que ela faria se o exército russo chegasse a Kiev, Olga responde de prontidão: "Não me fale sobre isso, porque não vai chegar".

 

Alterações na rotina

“Estamos pedindo ajuda, como balas, munições, aviões, vamos usar isso para nos defender, não para invadir. A Ucrânia é um país pequeno, não somos loucos para invadir a Rússia. Eles estão bombardeando tudo. Eles estão fazendo sabotagem”, disse OIga.

 

Olga disse que passou várias noites “no refúgio”, lugar onde abrigam algumas pessoas que tentam fugir dos bombardeios. “Já minha mãe passou todas as noites porque ela é 'maior' e eu posso correr mais rápido em caso de alarme, ela prefere ficar por lá. Então, eu durmo em casa”, explica a professora.

 

“Eu não posso dormir por causa da adrenalina. Meu coração está fazendo assim, batendo faz cinco dias, porque não tem o que fazer. Não sei o que dizer para o mundo acordar. Por isso, eu estou de 7h às 2h falando com os meios de comunicação e transmitindo as minhas mensagens”, diz Olga.


G1 CEARÁ

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