Neste dia 30 de janeiro é comemorado o Dia da Saudade no Brasil. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus no País em março de 2020, as famílias, casais e grupos de amigos tiveram que se adaptar à rotina de não conviver com as pessoas queridas. A necessidade de se manter em isolamento social afastou as relações, aumentou os sentimentos de falta e forçou a ressignificação do que é sentir saudade.
A saudade, como um sentimento misto que se divide entre a nostalgia, que relembra um período da vida com carinho, e um vazio melancólico, onde se está preso às lembranças que ficaram no passado, precisa ser vista de forma positiva.
Para a psicóloga e sexóloga Zenilce Bruno, não lidar bem com a saudade pode impedir a adaptação ao presente. “Lidar com a saudade não é fácil. Entretanto, é muito importante e possível aprender a lidar com a falta. Não lidar com a sensação pode impedir a nossa adaptação ao agora. A perda de alguém especial pode causar saudade, mas é importante entender que é possível ressignificar o sentimento de forma positiva. Porque o sentimento pode gerar distúrbios emocionais como a ansiedade e a depressão”, explica Zenilce.
A psicóloga explica que apesar de semelhantes, os sentimentos de saudade e nostalgia não são iguais e precisam ser entendidos para melhorar o autoconhecimento. “A saudade assume o caráter afetivo e pessoal. O termo é mais usado para descrever a falta que sentimos de ex-namorados, amigos, parentes e entes queridos que não estão conosco. A nostalgia é usada para relembrar uma época de vida, uma fase, viagens, uma música”, explica.
Zenilce diz ser interessante a importância da palavra “saudade” na cultura dos países que têm a língua portuguesa como o idioma principal. “É interessante a terminologia, porque no espanhol se usa o termo nostalgia significando saudade, mas a palavra saudade é difícil de traduzir. É uma palavra nossa”, explica a psicóloga.
A psicanalista e psicoterapeuta Beatriz Breves, especialista na Ciência do sentir, com 30 anos de estudos, explica os jeitos de associar a saudade de forma positiva. “Na minha experiência pessoal, vejo que as pessoas devem agregar o sentimento de saudade pela gratidão. Quando sentimos gratidão pelos momentos que viveu, pelo que a vida proporcionou. Com certeza o olhar da pessoa e a compreensão da própria vida tenderá a associar a saudade de forma positiva e construtiva para poder ir adiante”, explica a psicoterapeuta.
De acordo com Beatriz Breves, a pandemia ativou sentimentos nas pessoas como depressão, ansiedade, raiva, angústia pela mudança repentina no modo de viver. “É natural que gere impactos em nossas vidas. No caso da pandemia foi muito forte, tivemos que parar tudo. Muitos sentimentos foram ativados. Alguns deles são conflitantes, o que levou muitas famílias a passar 24 horas por dia juntos, o dia inteiro, gerando conflitos. Com isso veio uma grande oportunidade para a gente poder aproveitar essa experiência e prestar atenção para aprender sobre o autoconhecimento, os sentimentos que compõem o ser humano”, afirma Beatriz.
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