Do tradicional ao eletrônico, os forrozeiros passarão mais um mês de junho sem eventos presenciais de São João. Os festejos juninos arrecadam dinheiro para muitos, pelo ano todo. Em 2020, agendas de eventos com 15 a 35 shows por mês foram impactadas pela pandemia do coronavírus. Cantores extrapolavam a capacidade física com três eventos em único dia.
Além das bandas afetadas é notório a cadeia que é quebrada. Do vendedor de milho ao do “pratinho”, do vendedor de água ao segurança da festa, são alguns dos profissionais afetados. Não precisa ser especialista em saúde pública para entender que se tivéssemos a oportunidade de uma vacina contra a Covid-19 mais cedo no País a situação seria outra.
O turismo em cidades históricas que respiram São João, como Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Mossoró (RN), terá tradições afetadas. A falta de público presencial, por exemplo, afeta nas verbas geradas para o Museu do Forró Luiz Gonzaga. Por mais que movimentos lutem em prol do forró raiz, a ausência dos festejos leva o esquecimento de grandes nomes do gênero nordestino.
Musicalmente, teremos canções como “Asa Branca” e “Olha Pro Céu” silenciadas. E os quadrilheiros? Esses não vão vestir aquela bela camisa xadrez ou mesmo aquela saia rodada cheia de adornos. A poeira não vai subir com os passos de anarriê, alavantú e balancê.
Lives? já tem uma agenda grande marcada, mas é notório não ser a mesma experiência do presencial. Não veremos stories de cantores em ônibus em confraternização com músicos ou passando por restaurantes de beira de estradas. Aquele típico comércio de cidade de interior não vai receber o dinheiro do café, salgado e caldo consumido pelas bandas.Também não será possível ver o estouro dos fogos nas aberturas das festas.
A fogueira do São João segue com chama acesa no coração de quem passará mais um ano sem a festa que alimenta financeiramente e fisicamente a vida de milhares de nordestinos.
Fonte: Diário do Nordeste
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