O Ministério da Saúde orientou os estados a aplicarem a vacina contra a Covid-19 da farmacêutica Pfizer com 12 semanas de intervalo entre as doses. O Brasil recebeu na quinta-feira passada 1 milhão de doses do imunizante como parte de um acordo que prevê a aquisição de 100 milhões de doses a serem entregues até o fim do terceiro trimestre deste ano. A orientação relativa às 12 semanas supera o prazo previsto na bula do produto, que é de 21 dias.
A carga começou a ser distribuída aos estados para aplicação no público prioritário. Neste domingo (2), a Coordenação-geral do Programa Nacional de Imunizações, do ministério, divulgou novas orientações técnicas sobre a campanha de vacinação, e especificamente sobre a aplicação da vacina da Pfizer.
A coordenação diz que a ampliação do intervalo “poderá trazer ganhos significativos do pontos de vista da saúde pública”, o que poderá reduzir a gravidade da Covid-19 em um país com alta mortalidade pela doença. Há uma necessidade, acrescenta o órgão, de ampliar a oferta de vacinas à população brasileira. Até esta segunda-feira, 7,69% receberam as duas doses dos imunizantes aplicados em território nacional.
Para justificar a decisão, a coordenação cita o exemplo do Reino Unido, onde o mesmo prazo de 12 semanas foi adotado.
– Esta recomendação considerou que a vacinação do maior número possível de pessoas com a primeira dose traria maiores benefícios do ponto de vista de saúde pública, considerando a necessidade de uma resposta rápida frente a pandemia de covid-19 – escreveu Laurício Monteiro Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.
A interpretação é de que a primeira dose já começa a oferecer proteção em patamares significativos contra o novo coronavírus. Vinte um dias após a primeira dose, a efetividade estimada é de 80% a 90%, aponta o documento. O intervalo de 12 semanas, reconhece o órgão federal, foi recebido com controvérsia e análises preliminares chegaram a apontar uma efetividade reduzida na comparação com o prazo indicado.
Questionada sobre a orientação do Ministério da Saúde, a Pfizer não se posicionou objetivamente sobre um eventual respaldo à decisão. A empresa disse que os regimes de dosagem “ficam a critério das autoridades de saúde e podem incluir recomendações seguindo os princípios locais de saúde pública”.
(Estadão)
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