Eu mexo com o sistema”, afirma Gabriel Monteiro sobre ameaças


Destaque na internet já há algum tempo com vídeos em que mostra sua indignação com os problemas vividos na sociedade, especialmente na área de segurança pública, o então policial militar Gabriel Monteiro decidiu partir para uma seara onde conseguiria levar seu protesto contra as injustiças ainda mais longe: a política.

Terceiro vereador mais votado no Rio de Janeiro em 2020, Monteiro decidiu fazer jus aos 60.326 votos que recebeu dos eleitores cariocas e colocou ainda mais os pés nas ruas e, mais especificamente no último mês, nos hospitais onde decidiu verificar se os trabalhos estavam realmente funcionando na área que mais precisa no momento.

O incômodo logo veio e Gabriel passou a ser alvo de ameaças e de críticas por parte de alguns veículos de imprensa em um escrutínio que ele ainda não havia experimentado antes. Sem se incomodar, o parlamentar diz porém que continuará criticando quem precisar ser criticado.

Em entrevista exclusiva concedida ao Pleno.News, Gabriel falou sobre esses e diversos outros assuntos. Comentou a situação da política nacional, destacou seu trabalho nas redes, lembrou das ameaças e até se emocionou ao falar das experiências vividas dentro da Polícia Militar.

Você foi bastante crítico ao governo Witzel, por conta de todas as denúncias que permearam a administração, e na última semana ele foi cassado após decisão do Tribunal Especial Misto, qual é a sua opinião sobre esse julgamento?

Foi um processo político, jurídico, visto pelo Brasil todo, foi justo, o Witzel surfou na onda Bolsonaro, se fingiu da nova política, falou que largaria qualquer ranço dos governantes passados do Rio de Janeiro, então, ele recebeu aquilo que ele colheu.

O cara que prometeu não se corromper, prometeu ajudar a população, e fez o que fez na saúde, em época de pandemia, dizimando milhares de pessoas, como é que o cara vem e faz um conluio criminoso na parte mais sensível do estado que é a saúde. Faltam adjetivos aqui para me referir a ele.

Mas graças a Deus, e aos políticos, acho que nós devemos agradecer a todos da Alerj que votaram para o seu impeachment. Ali também no Tribunal Misto, que foi 10 a 0, então, [foi feita] justiça.

Ele errou e agora está pagando pelos seus pecados, e detalhe, não apenas deve ser impeachado, deve ser preso. Ele sim é um genocida, ele sim fez com que muitas pessoas morressem por causa das atrocidades dele na saúde.

Falando de saúde, você recentemente fez fiscalizações em hospitais e se criou uma polêmica a respeito disso, você apareceu em vários veículos de imprensa, o que você acha dessa situação?

Eu espero que aqueles que me criticaram nunca precisem de um hospital municipal carioca, de uma UPA carioca, hoje os hospitais, as UPAs, se tornaram açougues. A verdade é que jamais um crítico meu gostaria que a mãe dele estivesse em um hospital municipal carioca.

O que eu venho não é falando é provando, com imagens, sons, relatos, provas substanciais, provas materiais, da máfia da saúde carioca, olha, até ambulâncias estão desviando, eu não sei como essas pessoas conseguem dormir.

A ambulância, em vez de estar atendendo a população mais pobre, a população que mais precisa, a população que está hoje doente, que está clamando por uma transferência, a ambulância [está] levando o doutor na padaria. O doutor, que mora lá na Barra da Tijuca, no Recreio, o doutor indo com diesel público, com a ambulância do povo e motorista do povo, indo pra casa.

Chego nas unidades de saúde cariocas, pego a escala, [tem] dez médicos aqui, quando vai ver tem dois, um, às vezes ninguém, como eu não vou ficar revoltado. Eu tenho toda uma família que precisa do SUS, que precisa de uma unidade pública, e a sacanagem que impera nesses ambientes não está no gibi.

Eu quero saber qual munícipe, qual carioca está satisfeito, ou melhor, qual brasileiro está satisfeito com a saúde pública. Falta médico, falta insumo, é mãe de família desempregada, vivendo de migalhas, tendo que pagar remédio do filho doente, tendo que pagar água no hospital, mas no papel está tudo lindo, parece um hospital sueco. Fiquei revoltado, estou fiscalizando, estou provando e continuarei esse trabalho.

A respeito de ameaças de morte, queria que você comentasse sobre isso. Você ainda tem recebido essas ameaças ultimamente? Elas aumentaram desde que você se tornou vereador?

Hoje eu tenho a proteção do Estado, [mas] de fato eu sou uma pessoa ameaçada, existem algumas coisas que estão em sigilo, mas o que eu posso adiantar é que já existem inquéritos em andamento, até na DRACO [Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas], a especializada da Polícia Civil da contravenção, pagando 2 milhões de reais pela minha morte. É uma insatisfação completa que as facções criminosas têm acerca do meu trabalho.

Quais você acredita que são as principais motivações para essas ameaças?

Eu mexo com o sistema, eu estou fazendo com que a população de comunidade saiba, ainda mais, que vagabundo não representa eles, vagabundo não representa o morador de favela. Moradores de favela são, 99% [deles], pessoas inocentes, vítimas deles [dos traficantes].

As minhas prisões também, só esse ano eu já prendi não sei quantas pessoas, prendi muita gente esse ano. Já dei voz de prisão por tráfico, dei voz de prisão por roubo. Essas denúncias que eu venho fazendo, mando diversos relatórios acerca do predomínio do Comando Vermelho nos morros cariocas.

Acho que o que mais pesa hoje é a contravenção. Quando eu expus o coronel [Marcos Balbino], que ele não estava trabalhando para combater a máfia do caça-níquel, eu apreendi e prendi quem estava [atuando], isso gerou um efeito dominó. A polícia foi obrigada a trabalhar e começou a fechar diversos estabelecimentos, isso gerou um prejuízo muito grande neles [os contraventores].

Acompanhe abaixo alguns questionamentos feitos ao vereador e assista, na íntegra, a conversa em vídeo:
(Pleno News)

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