Um sargento da Ativa da Polícia Militar, acusado de integrar uma quadrilha responsável por diversos crimes de morte e outros delitos na região do Sertão Central do Ceará, continua foragido após ter prisão preventiva decretada pela Justiça. O Ministério Público do Ceará agora cobra da Corporação e da Controladoria Geral de Disciplina (CGD) a captura do acusado e o cumprimento da ordem judicial.
Everaldo Moreira Florêncio, sargento da PM, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no dia 7 de outubro último, através de um mandado assinado pelo juiz de Direito Welithon Alves de Mesquita, titular da 1ª Vara da Comarca de Quixadá. Na mesma ocasião, o magistrado decretou também a prisão do pai do militar, Edivaldo Florêncio de Almeida; e do irmão, Edwardes Moreira Florêncio (também sargento da PM). Os dois foram capturados numa operação do Ministério Público e da Polícia Civil. Edwardes foi encaminhado ao Presídio Militar, na Capital, onde permanece. O pai teve a prisão preventiva convertida em custódia domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Já o sargento Everaldo permanece na condição de foragido da Justiça e, de acordo com denúncias da população de Banabuiú (a 194Km de Fortaleza), continua livre, circulando pela região do Distrito de Barra do Sitiá e outras comunidades, sem que a Polícia local cumpra a ordem judicial. Armado, estaria ameaçando moradores. O PM é temido na região.
Quadrilha desarticulada
A desarticulação e captura de parte da quadrilha formada por dois irmãos militares, o pai e um pistoleiro identificado como James de Oliveira Bandeira, o “Coquinho”, além de outras pessoas, aconteceu em outubro último em decorrência de investigações do Ministério Público acerca de vários crimes de morte ocorridos naquela região do estado a partir de 2018.
Entre os assassinatos em Banabuiú e atribuídos à quadrilha figura a morte de Raimundo Nonato Ferreira Paulino, o “Dim”, motorista de carro-pipa, que foi executado, a tiros de pistola, no dia 16 de julho de 2018. Conforme a Justiça, o crime deu sequência a um “rosário” de delitos praticados pela família Florêncio em Banabuiú, fatos que já se arrastam há mais de uma década.
A morte de Raimundo Nonato levou o MP a pedir a prisão do pistoleiro “Coquinho” e, posteriormente, em aditamento de denúncia, foram requisitadas também as prisões dos dois militares e do pai deles. As investigações, na época, foram realizadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Rosário de crimes
De acordo com denúncia do MP, os suspeitos são acusados de, ao menos, quatro assassinatos em Banabuiú. Entre as vítimas da matança estão o empresário Weider Pereira de Oliveira e do motorista de caminhão-pipa, Raimundo Nonato, o “Dim”.
Outra suspeita que recai contra a mesma quadrilha é a morte de um idoso na cidade de Quixadá. O crime ocorreu em 3 de julho de 2018, quando Narcélio Luiz Caetano, 73 anos, foi executado a tiros de pistola quando participava de uma festa de ”forró da terceira idade”, naquela cidade do Sertão Central.
O idoso teria sido morto por “queima de arquivo” ou vingança após ter tido a coragem de, em uma audiência na Justiça, em 2017, confirmar perante as autoridades um episódio ocorrido alguns anos antes, quando foi vítima de uma suposta extorsão praticada pelo sargento Everaldo Moreira Florêncio e um homem identificado por Antônio Marcos Neves da Silva. Após 14 dias da morte do idoso, o bando teria também eliminado o “pipeiro” conhecido por “Dim”.
Em junho de 2018, a Justiça, através da 2ª Vara da Comarca de Quixadá, instaurou mais um processo contra o mesmo militar, desta vez pelo crime de corrupção passiva.
MP cobra a prisão
Em despacho datado do último dia 10 de dezembro, a promotora de Justiça Gina Cavalcante Vilasboas, representante do Ministério Público junto à 1ª Promotoria de Justiça de Quixadá, cobrou da Justiça o cumprimento da ordem judicial de prisão do sargento Everaldo Moreira Florêncio. “Compulsando os autos, não localizei a informação acerca do cumprimento do mandado de prisão em desfavor de Everaldo Moreira Florêncio, o que solicito, desde já, a certificação nos autos”, destacou a promotora.
No mesmo documento, a promotora de Justiça cita ter tomando conhecimento de que o réu Edivardo Florêncio de Almeida estaria descumprindo a medida cautelar do uso da tornozeleira eletrônica, isto é, estaria saindo do perímetro determinado pela Justiça, ou seja, descumprindo a prisão domiciliar. O documento foi encaminhado à Comarca de Quixadá para providências.
(Blog Fernando Ribeiro)
0 Comentários