Presa pela Polícia Federal por comandar um esquema criminoso que causou rombo milionário aos cofres da Previdência Social, quadrilha causou rombo de R$ 15 milhões.
Viagens a Dubai, nos Emirados Árabes, e às Ilhas Maldivas, festas, bebidas caras, compras de veículos, relógios e joias de alto valor. Um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Ceará e a sua família levavam uma vida de luxo, com o dinheiro obtido nas fraudes ao benefício previdenciário da aposentadoria rural por idade.
Os materiais apreendidos serão analisados pela PF para a continuação da investigação
FOTO: FABIANE DE PAULA
O esquema criminoso, iniciado em 2014 e em vigor até ontem, foi desarticulado com a deflagração da Operação Frenesi, pela Polícia Federal (PF) com apoio da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. A investigação identificou que, em cinco anos, a quadrilha causou um rombo de, pelo menos, R$ 15 milhões aos cofres públicos, mas esse valor poderia chegar a R$ 157 milhões - com o cálculo da expectativa de vida dos 600 beneficiados pelo crédito.
"O trabalho iniciou a partir de denúncias que recebemos. Nossa equipe de Inteligência fez alguns levantamentos relacionados aos indicadores de comportamento de cada agência e percebemos que tinha algo díspare. Denotamos a recorrência de uma mesma matrícula de servidor na concessão desses benefícios. Elaboramos um relatório e foi encaminhado para a Polícia Federal investigar", revelou o coordenador geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista do Ministério da Economia, Marcelo Ávila.
As fraudes eram cometidas de uma agência do interior do Estado, sem a presença do aposentado. "O servidor vinha alterando os endereços dos beneficiados para o interior do Ceará, nos próprios sistemas do INSS. Eram pessoas da Zona Metropolitana de Fortaleza, não eram trabalhadores rurais", afirma o delegado federal Cid Saboia Soares. O nome do servidor e o município onde ficava localizada a agência não foram revelados.
Em poucos minutos, o benefício era concedido. O ritmo da quadrilha era frenético, o que inspirou o nome da Operação. O beneficiado recebia a aposentadoria mensalmente e, em troca, fazia um empréstimo consignado em um banco que ia diretamente para o servidor da Previdência Social. Na maioria dos casos, o cartão do aposentado ficava na posse da organização criminosa.
Presos
O servidor do INSS e o pai dele - que seria o mentor do esquema criminoso - foram presos preventivamente, enquanto a irmã do funcionário público foi presa temporariamente. Eles irão responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, estelionato majorado e inserção de dados falsos em sistemas corporativos do Governo Federal
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, em Fortaleza, Maracanaú, Pacatuba, Redenção e Acarape. A 11ª Vara Federal determinou ainda o sequestro de bens móveis e imóveis e o bloqueio de valores das contas bancárias em nome dos suspeitos. Durante as diligências, foram apreendidos R$ 333 mil em espécie, relógios e joias. Somados os bens sequestrados ontem, a PF estipula um valor total de R$ 1 milhão. Mas acredita que é pouco e tem muito mais em nome de 'laranjas' - inclusive imóveis em São Paulo.
A Polícia Federal pretende chegar aos captadores dos interessados em se aposentar com a fraude e aos 'laranjas' do esquema de lavagem de dinheiro. Os 600 aposentados serão convocados a prestar esclarecimento e podem responder pelos crimes de corrupção ativa e estelionato majorado.
(Diário do Nordeste)
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