Para muitas crianças, a ida a escola e o contato com outros alunos é um momento de alegria e diversão. Porém, para a menina M.E.M.P, de 10 anos, é uma verdadeira tortura. Ela é especial e há cerca de um mês começou a frequentar a Escola Municipal Glaucia Maria Borges Garcia, no bairro Despraiado, em Cuiabá. Ela que é uma menina alegre e carinhosa, está triste e retraída. Além da tristeza, na última segunda-feira (26) ela voltou para casa com vários hematomas pelo corpo. São marcas de mãos e sinais arroxeados pelas costas e ombros na menor.
A irmã da menina, Fernanda Rodrigues, conta que ela foi para a escola como de costume e quando voltou foram percebidas diversas marcas, aparentemente, de tapas no corpo da estudante. Fernanda descarta que os hematomas tenham sido causados por outras crianças, pois na sala de M.E.M.P. estudam meninos e meninas entre seis e sete anos com mãos e força incompatíveis com os hematomas.
Após a constatação da tortura, a menina foi levada ao médico e à delegacia para exames de corpo de delito e posterior registro de boletim de ocorrência. O pai da criança foi até a escola questionar o que tinha acontecido e não recebeu resposta razoável que justificasse as marcas. Segundo Fernanda, a direção da escola disse que não sabia o que tinha acontecido, mas que pode ter ocorrido quando os cuidadores a colocaram e tiraram da cadeira de rodas que a menina usa para se locomover.
As imagens da câmera de segurança da unidade foram requeridas, mas a direção disse que não poderia fornecer porque as filmadoras não estavam funcionando.
Fernanda conta que o Conselho Tutelar e a Secretaria Municipal de Educação foram comunicados do fato e que na próxima semana irão acionar o Ministério Público Estadual (MPE) para apurar o que pode ter acontecido com a menina.
“Ela está sempre acompanhada por uma cuidadora. Se não foi ela que bateu na minha irmã, queremos que aponte quem foi e essa pessoa deve ser penalizada pelo que fez e para que não torture mais nenhuma criança”, declara Fernanda.
A irmã conta que a menina não fala, mas é muito sociável e carinhosa. Gosta de interagir com outras crianças, mas tem estava abatida desde que entrou na escola.
“A gente primeiro achou que era por causa da adaptação. Ela é muito boazinha. Nunca pensamos que ela estaria sendo torturada na escola”, afirma.
A menor sofre Sindrome de West e autismo. Ela precisa de cuidados especiais, não fala e usa cadeira de rodas para se deslocar. Essa não é a primeira vez que a menina á agredida. Em novembro passado ela foi hostilizada durante sessão de cinema, pelos demais espectadores, porque gritou durante o filme que apresentada cenas de violência.
A prefeitura foi procurada e, por meio de nota, esclareceu que o caso foi comunidado na terça-feira (27) e desde então vem sendo apurado pela Secretaria de Educação, a fim de elucidar o que de fato aconteceu. "Na quarta-feira (28), a equipe junto com o pai da criança esteve na unidade escolar com professores e equipe pedagógica da escola para levantar as informações do que realmente aconteceu e, a parti daí, definir o que será feito ou os procedimentos que serão adotados. Está sendo elaborado um relatório circunstanciado sobre o caso. Os pais, a aluna estão sendo orientados e acompanhados pelos profissionais", diz a nota.
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