Após dois anos à frente da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), em que perdeu a luta contra a violência armada no Estado, o titular da Pasta, e Defesa Social do Ceará, delegado federal aposentado Delci Teixeira, gaúcho, decidiu aceitar a derrota contra o crime e entregou o cargo.
O anunciou foi feito de forma lacônica, na tarde de ontem, pelo líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado, deputado estadual Evandro Leitão (PDT), e, depois, confirmada pelo próprio governador, Camilo Santana (PT). Além de Teixeira, o delegado-geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, já havia deixado seu cargo. Os próximos a sair da cúpula estadual serão o comandante-geral da PM, coronel Geovani Pinheiro; e o chefe da Casa Militar do Governo, coronel PM Túlio Studart.
O anúncio da saída do titular da SSPDS aconteceu no mesmo dia em que Camilo Santana enfrentou um protesto de mulheres de policiais militares durante uma solenidade no Centro de Eventos do Ceará, quando centenas de PMs foram promovidos na carreira. “Se não melhorar, a Polícia vai parar!”, gritaram as esposas dos policiais e bombeiros militares durante a solenidade. Camilo Santana, constrangido, preferiu ficar silente.
Perdeu
Em quase dois anos à frente do cargo, o então secretário da Segurança Pública, Delci Teixeira, buscou uma maneira de frear a crescente estatística da violência armada no Estado, se engajando num projeto furado denominado “Ceará Pacífico’. Não conseguiu. Os números estatísticos apresentados por ele e pelo próprio governador Camilo Santana todos os meses não refletem a realidade das ruas. Os homicídios e latrocínios, além das lesões corporais seguidas de morte foram batizados pelo governo como Crimes Letais, Violentos e Intencionais (CVLIs). Esta nova denominação veio como forma de mascarar as taxas, cada vez mais crescentes, de assassinatos no Ceará.
Na tentativa de passar para a sociedade cearense a sensação de que os crimes contra a vida estariam caindo, Delci Teixeira e sua equipe “inventaram” parâmetros estatísticos que deixam de fora casos de mortes, por exemplo, praticadas dentro dos presídios ou mesmo mortes decorrentes da ação policial.
À cada mês, homicídios praticados nas caladas na noite ou mortes ocorridas em hospitais após atos de violências contra as vítimas não “aparecem” nas estatísticas da SSPDS. O mascaramento dos números verdadeiros da criminalidade no Ceará persiste, mas Delci já não concordava com estes métodos e preferiu entregar o cargo.
Com ou sem mascaramento de dados por parte do Governo, o fato é que o Ceará continua na liderança do ranking dos estados mais violentos do País, e vai terminar o ano de 2016 com mais de 3.500 assassinatos. São números de guerra.
Fonte: Blog do Jornalista Fernando Ribeiro
0 Comentários