Com proposta mais recente do Governo do Estado sendo negada pela categoria, os professores completam três meses de greve e impasse deve seguir em agosto. A categoria, apesar das pautas em comum – como a valorização salarial que contemple também professores aposentados -, tem rachas. Enquanto o Sindicato dos Professores e Servidores de Educação e Cultura do Estado e Municípios do Ceará (Apeoc) acredita que houve avanços nas negociações, grupo de oposição ao sindicato aponta que governo atendeu às demandas, apenas pressionado pelas ocupações estudantis.
“Se voltássemos hoje, a única coisa que nos faria voltar de cabeça erguida seria o que o movimento estudantil conquistou. Os estudantes nos deram lição de como fazer pressão”, opina a professora da rede estadual, representante da rede de zonais, e integrante do Conselho de Leitores do O POVO, Cícera Barbosa. Entre as pautas estudantis, atendidas pelo governo, ela cita o investimento de R$ 140 milhões para reformas e melhorias na merenda.
De acordo com a professora, em reunião da rede de zonais de Fortaleza e Região Metropolitana realizada nesta terça-feira, 26, o pedido para convocação de nova assembleia da categoria e a organização de reuniões em escolas a partir de 1º de agosto foram decididas. “Em agosto, não havendo avanço do governo, não cederemos a pressão”, garante.
Ela opina que a proposta do Secretaria Estadual da Educação (Seduc), de aumento na Parcela Remuneratória Variável (PVR) em 100%, representando um ganho remuneratório de 5 a 9,9% para os professores e investimento anual de R$ 75 milhões, não corresponde a aumento no salário-base e exclui professores aposentados.
Já o professor Anízio Melo, presidente do Sindicato Apeoc, acredita que houve, sim, avanços nas negociações, como o recuo de portarias que diminuíam as contratações temporárias e a liberdade para licença com fins de mestrado ou doutorado. Analisando como positiva a atuação do secretário da Educação, Idilvan Alencar – que assumiu a pasta com a categoria iniciando a greve -, o presidente tece críticas, no entanto, a “morosidade” com que a pauta dos professores é tratada “pelo restante do governo”.
Os dois representantes concordam no ponto que concerne ao retorno das aulas. “Queremos o retorno das aulas e nos preocupamos com a reposição, mas é preciso que se entenda que a valorização da educação passa pela valorização da categoria”, explica Anízio. “Nós queremos que os alunos voltem às aulas, que a preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) seja feita, que eles adentrem às universidade e sentem nos mesmos bancos que nós sentamos. Mas a sociedade tem de compreender que nossa luta é, sobretudo, por melhorias para a educação”, reforça Cícera.
Seduc
Por meio de nota, Seduc informou que “tem mantido disponibilidade ao diálogo com professores” e que nas nove reuniões de negociação com representantes dos professores “cada ponto de pauta colocado pela categoria recebeu uma proposta concreta e seu devido encaminhamento”.
A secretaria aponta que 25% das escolas aderiram à greve – informação contestada pela rede de zonais que acredita em número maior, sem precisar quanto.
Questionada pelo O POVO quanto a uma nova proposta que avance as negociações de reajuste salarial, a Seduc informou sobre os valores da última proposta, negada e categoria.
Em relação ao uso dos investimentos de R$ 140 milhões, anunciado em maio pelo governador Camilo Santana, a Seduc reiterou que foram destinados R$ 32 milhões às reformas – sendo R$ 16 milhões para 2016 e o restante para o próximo ano.
Interpelada sobre início de obras em escolas contempladas e prazos, a pasta afirmou que “mais de R$ 7 milhões já foram autorizados e as próprias escolas realizam seus processos licitatórios”.
Com déficit de aulas a serem repostas, após o fim da greve, a Seduc disse cumprir recomendações do Ministério Público do Estado e “encaminhou a elaboração dos calendários de reposição, garantindo o cumprimento dos 200 dias letivos, para as escolas que aderiram à greve”.
Fonte: O POVO.
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