MP investiga se 'Máfia dos táxis' de Niterói financiava campanhas políticas

Em ligações telefônicas, integrantes falam em doações a campanhas.

Grupo movimentaria cerca de R$ 2,2 mi por mês, segundo investigações.

Agentes se reúnem antes da operação em Niterói (Foto: Philippe Lima/SESEG/Divulgação)
Agentes fazem buscas durante operação em Niterói (Foto: Philippe Lima/SESEG/Divulgação)
O Ministério Público do Rioinestiga se integrantes da organização que ficou conhecida como Máfia do Táxi fincanciavam campanhas políticas em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Investigações feitas até agora encontraram indícios de que uma parte dos lucros era destinada para políticos da cidade, de acordo com informações de um promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O grupo movimentava cerca de R$ 2,2 milhões, segundo cálculos da Polícia Civil.
Os indícios surgiram depois que integrantes da cúpula do grupo criminoso foram flagrados em ligações telefônicas falando da intenção das doações em troca de apoio político.
O delegado Luiz Augusto Braga, no entanto, afirma que o grampo não seria suficiente para incriminar o grupo. Testemunhas, ainda segundo o Ministério Público, teriam confirmado as denúncias em depoimentos.
Ainda de acordo com as investigações, a quadrilha, conhecida como Máfia do Táxi, atua ao menos desde 2010, com a liderança dos servidores públicos, Roberto Carlos Brito da Costa, o Betinho, e Alexander Soares Schroeder, conhecido como Shrek, do Setor de Transporte Individual da Secretaria Municipal de Transporte, responsável pela fiscalização do serviço de táxi.
"Em 2012, eles estariam imbuídos em apoiar o prefeito Jorge Roberto (Silveira). Com a desistência da candidatura, pensaram em apoiar a campanha de Rodrigo Neves", afirmou o promotor do Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio.
O promotor revelou mais detalhes sobre o funcionamento do grupo. “Sim, disso nós não temos dúvida. As investigações e depoimentos nesse sentido determinava que parte do dinheiro arrecadado no esquema ia financiar campanhas políticas. Isso vai ser melhor detalhado após desmantelar a organização. A investigação procede quanto a isso, mas temos informações de que eles tinham apoio político para se manterem nos cargos e permanecer a frente da organização criminosa”, disse o promotor durante a entrevista coletiva.

Até as 12h30 quinta-feira (26), 19 pessoas tinham sido presas
 durante uma operação da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança (SSINTE), da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Corregedoria Geral Unificada (CGU) e do Gaeco.
R$ 27 milhões
Batizada de Operação Bandeira Preta, a ação tinha como objetivo cumprir 24 mandados de prisão e 52 de busca e apreensão em Niterói, São Gonçalo e no Rio de Janeiro. As investigações apontam que o grupo foi responsável por 600 táxis piratas no município. O faturamento é estimado, somente com os valores das diárias, em R$ 27 milhões por ano.
Os integrantes utilizavam permissões de táxis que estavam suspensas, principalmente em razão da morte do motorista permissionário, negavam a transferência para a viúva e a revendiam por cerca de R$ 40 mil. A prática era adotada até janeiro de 2010, quando foi assassinado o subsecretário de Transportes de Niterói, Adhemar José Melo Reis.

As investigações apontam ainda que o homicídio foi motivado pela repressão que o subsecretário fazia à quadrilha. A partir de 2013, o esquema criminoso passou a fazer duplicatas de autonomias de táxis. Para participar do esquema era cobrado cerca de R$ 5 mil, além de uma mensalidade de R$ 650, para andar com o veículo adulterado sem ser incomodado pela fiscalização. Aos motoristas que desejavam alugar a autonomia, exigia-se pagamento de diária de R$ 150.

A fraude consistia ainda no encaminhamento de ofícios da Secretaria Municipal de Transporte ao Detran para emplacamento na categoria aluguel, modalidade táxi, e colocação de placas vermelhas. Em um segundo momento, em vez remeter ofício ao Ipem para cadastramento no banco de dados do órgão, inspeção e aferição do taxímetro, a quadrilha promovia a instalação irregular do aparelho, falsificando também o lacre e o selo de aferição do Ipem, fugindo assim do controle do órgão.
Os integrantes da quadrilha foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva, receptação, organização criminosa, falsificação de selo e de documento público e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.
Como mostrou o Bom Dia Brasil, as autoridades também investigam denúncias de que, dentro de dois dos táxis envolvidos no esquema, teriam acontecido estupros.
Promotor e investigadores deram detalhes do esquema (Foto: G1)Promotor e investigadores deram detalhes do esquema (Foto: G1)
A máfia dos táxis de Niterói faturava cerca de 27 milhões por ano (Foto: G1)A máfia dos táxis de Niterói faturava cerca de 27 milhões por ano (Foto: G1)

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