Chacina no bairro Luciano Cavalcante deixou cinco mortos; idosa e criança foram atingidos na Bela Vista
Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Estado do Ceará, investiga os dois casos, que assustaram a população ( Fotos: Bruno Gomes )
No bairro Bela Vista, uma idosa foi morta e uma criança ficou ferida após disparos efetuados no começo da manhã; dois homens foram presos com um revólver
Já no bairro Luciano Cavalcante, na Rua 1, cápsulas de escopeta calibre 12 foram encontradas no local onde ocorreu uma chacina ( Foto: Kléber A. Gonçalves )
A violência na Capital deixou seis pessoas mortas e uma criança ferida, em dois tiroteios na manhã de ontem. Os crimes aconteceram nos bairros Bela Vista e Luciano Cavalcante, em Fortaleza. Em um dos casos, cinco pessoas foram executadas em uma chacina. Entre os mortos, estão uma idosa e um adolescente de 14 anos. Ambas as ocorrências aconteceram durante a manhã, e apenas duas pessoas foram presas. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga os dois casos.
Cinco pessoas foram assassinadas a tiros, por volta das 10 horas da manhã de ontem, nas proximidades do Beco do Cinquentinha, localizado no bairro Luciano Cavalcante. De acordo com o perito Leão Júnior, da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), as vítimas foram quatro homens e um adolescente. Conforme o perito, três morreram no local e outros dois homens foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e levadas ao Instituto Doutor José Frota (IJF), mas não resistiram aos ferimentos, morrendo na unidade hospitalar no fim da tarde.
Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), três carros chegaram ao local e tiros foram disparados de maneira aleatória. A área é conhecida como zona de conflito entre grupos rivais. O perito Leão esclarece que as vítimas foram atingidas por vários disparos de, pelo menos, três armas de fogo diferentes, incluindo os calibres .40, .45 e 12, este último correspondente a uma escopeta.
As vítimas da chacina foram identificadas como Paulo Sérgio Lima Ramalho, 31, Francisco Carlos Ferreira de Lima, 28, Elvis Inácio Barbosa, 22, além de um comerciante e um adolescente de 14 anos, cujas identidades não foram divulgadas até o fechamento desta edição.
A SSPDS afirma também que a DHPP já possui uma linha de investigação para o caso e, durante todo o domingo, equipes estiveram no bairro em busca da identificação dos suspeitos e da motivação do crime.
Entretanto, mais informações não foram divulgadas à reportagem sob o argumento de não prejudicar os trabalhos.
Idosa
Já no bairro Bela Vista, uma idosa foi morta e uma criança ficou ferida também após disparos efetuados em via pública. Dois homens foram presos suspeitos do cometimento dos crimes.
Era mais um domingo na vida de Maria Dultra, de 72 anos. Religiosa, ela iria mais uma vez ao culto evangélico, como de costume. Ao templo, porém, ela não chegou. Por volta das 6h30 da manhã de ontem, Maria Dultra caminhava com a amiga Maria do Socorro Mota, 64, e o neto da amiga, o menino E. G., de 6 anos, em direção à sede de uma igreja evangélica. Foi quando, ao passar pelo cruzamento entre as Ruas Uruguai e Três de Maio, foi atingida por uma bala perdida. O menino também foi atingido, de raspão, na cabeça.
A mulher morreu no local. Já o menino foi socorrido por populares e levado ao IJF. A criança foi atendida e recebeu alta durante o turno da tarde. Ele foi, acompanhado da mãe, à Coordenadoria de Medicina Legal (CML) da Pefoce para realizar o exame de corpo de delito.
Conforme Maria do Socorro, a vítima era natural do município de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e morava na Capital cearense há cerca de 11 anos, no bairro Parque Araxá. A amiga conta que aos domingos costumava buscar Maria Dultra para passar o dia em casa, deixando-a de volta no fim da tarde. Maria do Socorro diz que era, praticamente, a única amiga da gaúcha, que tinha um filho adulto, com quem morava. "A gente era quase irmã", ressaltou.
Ainda abalada com a situação, ela disse não ter conseguido perceber de onde vieram as balas. "Tinha uma perseguição de bandidos, mas foi tudo muito rápido", explicou.
Investigação
De acordo com a inspetora Kássia Oliveira, do 12º Distrito Policial, a perseguição, na verdade, aconteceu no momento em que uma patrulha do Batalhão de Policiamento Comunitário (BPCom - Ronda do Quarteirão) identificou um carro roubado trafegando com dois suspeitos na Rua Argentina, próximo de onde estavam as vítimas. Assustados com a presença da Polícia, os suspeitos, identificados como Alexandre dos Santos Araújo, de 19 anos, e Francisco Ítalo de Souza, 18, empreenderam fuga e entraram na Rua Uruguaiana. Eles foram surpreendidos por desafetos, que efetuaram disparos. Os suspeitos responderam ao ataque também com tiros.
Durante o conflito, o carro onde estavam os suspeitos acabou colidindo com uma parede. Nesse momento, a Polícia Militar chegou e conseguiu prender os dois jovens. Com eles, foram encontrados um revólver e cerca de 30 papelotes de maconha. Eles foram encaminhados para o 12º DP e autuados por porte ilegal de arma e tráfico de drogas.
A Polícia Civil investiga a origem dos disparos que mataram a idosa e feriram a criança. Apesar da coincidência de local e horário entre os disparos e a perseguição ao carro roubado, o supervisor do Comando de Policiamento da Capital (CPC), major PM Jander, afirma que o nexo entre os dois casos ainda deverá ser estabelecido e não é possível afirmar, ainda, a origem dos tiros que feriram as duas vítimas.
DN / (Colaboraram, Jéssica Colaço, Kélvia Fernandes e Ana Lídia Coutinho)
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