Secretário Fernando Grella afirma que pasta fará estudo de casosDivulgação/Ministério Público de São Paulo
Policiais militares em serviço na capital paulista mataram, nos seis primeiros meses deste ano, mais pessoas do que ao longo de todo o ano passado, apontam números divulgados nesta sexta-feira (25) pela Secretaria de Estado da Segurança Pública.
De acordo com as estatísticas da pasta, houve 163 mortes em decorrência de intervenção policial de janeiro a junho de 2014 na cidade de São Paulo. Ao longo de 2013 inteiro, foram mortas 151 pessoas nas mesmas circunstâncias.
Considerando apenas o primeiro semestre do ano passado, quando ocorreram 66 mortes por policiais militares em serviço na capital, a alta neste ano chega a 147%.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou que a pasta estudará casos para identificar o motivo da alta letalidade.
— Nós estamos pedindo um levantamento para fazer estudos de caso no tocante à letalidade.
Grella afirmou que, preliminarmente, a secretaria acredita que o aumento de roubos tenha elevado o número de tiroteios entre criminosos e policiais, o que teria provocado também a alta no número de mortes.
— O que eu posso adiantar, mas que não é conclusivo, é que nós tivemos aumento de confrontos. Em números absolutos houve aumento [do número de mortos pela PM], mas, se relativizar isso em relação ao número de confrontos, que é justificado até pelo aumento de roubos, você vai ver que o percentual não está muito distante do passado. Isso, porém, não nos dispensa de pesquisarmos as causas disso e de trabalharmos para reduzir a letalidade.
Em março deste ano, os policiais que trabalham no Comando de Policiamento da Capital já haviam batido recorde de mortes em um mesmo mês, conforme revelou o R7 há dois meses. Na época, a PM atribuiu a alta letalidade ao aumento do número de roubos, já que, segundo a corporação, a maior parte dos confrontos ocorre em casos iniciados em uma tentativa de roubo.
O secretário afirmou ainda que procedimentos da PM devem ser revisados para minimizar o risco de confronto.
— A polícia tem procedimentos no sentido de agir de modo a evitar o confronto. Essa é a orientação, é prática deles. Acredito que nós vamos conseguir reduzir a letalidade com a revisão dos procedimentos operacionais padrão, com o controle de armas e operações policiais que levem a prever as ações antes que elas aconteçam.
Segundo Grella, a pasta elabora um plano para ampliar o controle das armas em circulação no Estado.
— Há um projeto [de controle de armas] que estamos fazendo em parceria com o [Instituto] Sou da Paz. Será uma política relevante para reduzir também a letalidade.
Maior letalidade em dez anos
Levantamento feito pelo R7 mostra ainda que, considerando o Estado todo, este foi o primeiro semestre mais letal dos últimos dez anos.
De janeiro a junho, houve 317 mortes em decorrência de intervenção policial no Estado — alta de 111% ante as 150 mortes no mesmo período de 2013. O número de 2014 supera as 290 mortes ocorridas no primeiro semestre de 2006, quando o PCC promoveu uma onda de ataques contra policiais.
PMs mortos
Tanto na capital como no Estado, o número de PMs mortos em confrontos caiu no primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período do ano passado.
Na cidade de São Paulo, foram mortos três policiais em serviço de janeiro a julho de 2014, ante cinco no ano passado. No Estado, o número chega a cinco neste ano, ante seis no ano passado.
A Secretaria da Segurança Pública não divulga o número de PMs mortos fora de serviço. Mas levantamento do R7aponta para ao menos 27 PMs mortos de folga neste ano.
Fonte: R7
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