HOMICÍDIOS DE TRAVESTIS SÃO SEMELHANTES: ÓDIO, TORTURA, APEDREJAMENTO E REQUINTES DE CRUELDADE

Ativistas da causa LGBT no Ceará cobram do Estado mais empenho na investigação de homossexuais e transgêneros. Neste fim de semana, foi assassinada em Horizonte, na Grande Fortaleza, Rayane, a 9ª travesti assassinada no Ceará neste ano. A Delegacia Metropolitana de Horizonte é responsável pelas investigações.


"As travestis são as mais vulneráveis e as vítimas mais frequentes da LGBTfobia. Elas são constantemente vítimas de ódio. Homicídios de travestis são semelhantes: ódio, tortura, apedrejamento e requintes de crueldade", afirma Dário Bezerra, coordenador do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab).

"Diferente das lésbicas e gays, a travestis não precisam de uma bandeira, o corpo já mostra, ela vivencia uma identidade de gênero oposta ao corpo, somos muito visíveis", acrescenta a coordenadora-executiva para diversidade sexual da Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento de Fortaleza, Dediane de Souza.
De acordo com a ONG Grupo Gay da Bahia, 42% das vítimas de homicídio LGBT em todo o Brasil são travestis, o maior grupo; em seguida aparecem gays e lésbicas. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social diz "que os crimes de homicídio no Estado são investigados independente de sexo, gênero, orientação sexual ou qualquer outro tipo de distinção em todas as unidades de Polícia Civil do Estado do Ceará".
15 homicídios em 2016

e transgêneros no Ceará em 2016. O ano mais violento contabilizado pelos ativistas foi 2015, com 18 assassinatos. Em 2017, conforme a Grab, são 9 assassinatos apenas de travestis. Já secretaria fala em 10 homicídios de travestis no estado neste ano. "Quando fala do crime, a gente fala que esse é o fim de todo o contexto de violência que a comunidade vivencia. Primeiro é [preciso] reparar o contexto de vulnerabilidade, reconhecer o sujeito como sujeito de direito, que muitas vezes estão à margem da sociedade. É um grande desafio", diz Dediane

Punição dos criminosos
Para Dário, falta uma campanha de educação para evitar esse tipo de crime e "empenho" nas investigações para punir os culpados. "Em Juazeiro [do Norte], o assassino da Ketlin se apresentou na delegacia, assumiu o crime e foi embora. No caso da Dandara, que foi o de maior repercussão, ainda tem culpados que estão soltos", afirma Dário.

Dandara dos Santos foi apedrejada, espancada, torturada e executada a tiros. O crime foi filmado e compartilhado em redes sociais, o que colaborou nas investigações e resultou na prisão de suspeitos do crime. Outro caso apontado por Dário é a falta de uma legislação que tipifique o crime contra gays, lésbicas e transgêneros. "É um crime de ódio, que tem um grupo como alvo e mesmo assim é notificado como um homicídio qualquer", denuncia. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social diz que os casos de homicídios da Dandara e de Paulete (na cidade de Morrinhos)foram esclarecidos, e os suspeitos foram presos.

"O inquérito que apura a morte da travesti Ketlin, em Juazeiro do Norte, ocorrido no dia 13 de maio, está em fase de conclusão para ser remetido à Justiça e pedir a prisão do autor do crime, já identificado. A Polícia Civil informa ainda que são empregados todos os esforços no intuito de elucidar os crimes, bem como prender os autores dos delitos."

BLOG SINHÁ SABOIA/ FONTE: G1 CEARÁ

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