Pediatra nega atendimento à criança estuprada e diz que a menina é ‘culpada’ pelo abuso

Não são raros os casos de quebra de ética médica entre médico e paciente, sendo que, muitas vezes, o paciente ofendido não consegue nem ao menos uma punição junto ao CRM, pois não há câmeras dentro dos consultórios. Entretanto, um caso muito grave ultrapassou todas as barreiras da ética, profissionalismo e humanidade: uma médica pediatra se recusou a atender uma criança estupro.post-feature-image

O argumento usado pela médica foi de que a menina, de apenas sete anos de idade, possui um problema espiritual e que já teve muitas vidas, logo, “precisa” viver essa vida, com esses problemas. Além disso, afirmou que a culpa do #Estupro foi exclusivamente da menina, pois ela possui uma “energia sexual” muito forte e se o tio da criança, que foi o estuprador, sente atração sexual por crianças, a culpa não é dele, mas sim da vítima, que segundo a médica, não é uma vítima de verdade.

A profissional, que não teve seu nome revelado para a imprensa, ainda afirmou que “sabe” tudo isso, pois é espirita e sentiu toda a energia da menina, por isso, não ia se meter nos problemas dela. A família denunciou a profissional, que na semana passada foi condenada pela 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça (TJMT), a pagar uma quantia de R$10 mil por danos morais. Além disso, O CRM do Mato Grosso, estado onde aconteceu os fatos, abriu uma sindicância para apurar os fatos. A punição pode variar de uma advertência até a perda do registro de médica, o que não permitirá que a “profissional espirita” continue exercendo sua função de pediatra.

Por envolver uma criança, o processo está em sigilo absoluto, em respeito a previsão legal do ECA. Logo, não se sabe a data dos fatos, apenas que a condenação aconteceu dia 14 de dezembro.

A importância de gravar ligações

A recusa do atendimento foi feita por telefone, diretamente para a mãe da menina. Felizmente, a mãe da vítima gravou a ligação e foi essa ligação que foi utilizada para comprovar o ato ilícito cometido pela médica. Se não tivesse tal prova, não teria ocorrido a condenação.

Por conta da falta de provas, muitos pacientes chegam até mesmo a evitar irem ao médico por conta de alguma humilhação que um profissional já lhe fez passar. Tal situação remete a um fato que surgiu na mídia há alguns anos, onde uma médica ginecologista do serviço público de um município da grande São Paulo, humilhava suas pacientes, menosprezando-as por serem gordas ou magras, bem como reclamando de sua aparência. Uma sindicância foi aberta na época, mas a mesma não foi punida, pois tanto o CRM-SP, quando o CRM Federal, entendeu que, na ausência de provas do ocorrido, não houve constrangimento, apenas uma quebra de ética médica entre o paciente e o médico.




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