Investigação da morte de turista italiana em Jeri continua sem solução 2 anos após o crime


Caso que repercutiu internacionalmente permanece em segredo de Justiça e sem saber, de fato, quem foi o autor

A morte da turista italiana Gaia Molinari, de 29 anos, permanece sem respostas sobre a autoria do crime. A mulher foi encontrada morta no dia 25 de dezembro de 2014, na praia de Jericoacoara, em Jijoca, a 287 quilômetros de Fortaleza. De lá para cá, a polícia cearense não tem respostas sobre quem de fato teria cometido a ação.

Em entrevista à TV Jangadeiro/SBT, o representante do vice-consulado da Itália no Ceará, Roberto Misici (que acompanha o caso desde que o fato aconteceu), ressaltou que desde que a turista foi encontrada as investigações nunca apontaram um verdadeiro culpado.

“Desde o dia 25 de dezembro até hoje os esforços foram feitos para conseguirmos descobrir o causador de tudo isso. Mas mesmo com a força da polícia daqui e com a força da polícia italiana, até hoje sempre foram criados suspeitos, mas nunca tivemos uma afirmação que pudéssemos dizer: essa pessoa foi culpada desse delito”, conta Roberto. 

De acordo com o cônsul, a interrogação desse crime é frustrante para os dois países. “Nós sem dúvidas ficamos muito frustrados com tudo isso, porque sabemos que existe um ponto de interrogação muito grande. E isso, de certa forma, traz aos italianos uma dificuldade deles virem ao Brasil. O número de brasileiros que vinham pra cá há dez anos caiu muito em relação aos tempos atuais”, enfatiza.

Quando questionado sobre o porquê da dificuldade de achar um culpado, Roberto destacou que a falta de provas é o principal motivo. “Eu não sou delegado, mas um crime que é realizado do dia 24 para o dia 25 de dezembro, onde todos estavam em festa em Jericoacoara e ela foi encontrada numa praia deserta sem nenhuma prova, talvez isso dificulte o referendo final dessa tragédia”, disse.

O Tribuna do Ceará buscou informações com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), responsável pela investigação do caso. Em nota, a pasta informou que o caso segue em andamento em segredo de Justiça.


Linhas de investigação

O caso da turista italiana, apesar de seguir sem respostas, tem pelo menos três linhas de investigação. Os investigadores chegaram a considerar três possibilidades, sendo eles um casal estrangeiro, formado por uma francesa e um uruguaio; um italiano instrutor de windsurfe; e a farmacêutica Mirian França de Mello, que chegou a ficar detida por um mês após prestar informações contraditórias à polícia.

Sem um desfecho, a família da italiana continua à espera das investigações.

A equipe de investigação é coordenada pelo delegado Rommel Kerth, diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), e composta pela delegada Patrícia Bezerra, atual diretora adjunta da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), que continua presidindo o inquérito policial; e os delegados Vicente Aguiar, da Divisão Antissequestro (DAS), e Danilo Rafanelle, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).


Relembre o caso

Em 25 de dezembro de 2014, a italiana Gaia Molinari foi encontrada morta na Praia de Jericoacoara, em Jijoca, a 287 quilômetros de Fortaleza. O corpo da turista estava próximo à Pedra Furada, um dos principais pontos turísticos da região.

Ela estava de biquíni, canga e mochila. Foram encontrados ainda uma baladeira, roupas e um cordão contendo material genético da italiana. Gaia foi morta por asfixia mediante estrangulamento, de acordo com o laudo da necrópsia realizado no Instituto Médico-Legal de Sobral. Ela apresentava lesões na cabeça e arranhões pelo corpo.

Dois dias após o corpo ter sido encontrado, a polícia chegou a prender um suspeito na própria localidade de Jericoacoara, mas foi liberado depois de realizar exames periciais e depoimentos. Na ocasião, a delegada-adjunta da Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), Patrícia Bezerra, afirmou que não houve indícios suficientes para a prisão em flagrante do suspeito.

O crime ganhou reviravolta quando uma amiga de Gaia Molinari, a farmacêutica Mirian França, foi detida devido a depoimentos contraditórios, segundo a polícia. No dia 26 de janeiro, a carioca havia prestado depoimento na condição de testemunha e depois viajou para Canoa Quebrada, outro destino turístico do Ceará. Gaia e Mirian conheceram-se em uma pousada em Fortaleza, dias antes do assassinato.

Após o primeiro depoimento da farmacêutica, a polícia voltou a ouvir Mirian França e chegou à conclusão de que a carioca era suspeita de participação na morte de Gaia Molinari, pois seu discurso havia mudado. Ela foi encaminhada à Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), onde permaneceu por 15 dias. Na ocasião, o juiz José Arnaldo dos Santos Soares, da Comarca de Jijoca, revogou a prisão temporária depois de analisar informações enviadas pelas Polícia Civil e decidir que “a prisão temporária não deve se aplicar à Mirian”.

A italiana Gaia foi enterrada no dia 17 de janeiro, em uma cerimônia realizada na cidade de Rivalta, na Itália.

Fonte: Tribuna do Ceará

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