Capitão Wagner critica Polícia Federal por ação que baleou PM

Circula no WhatsApp uma suposta 'nota de culpa' produzida pela PF para o soldado assinar e admitir a associação para o tráfico de droga e tentativa de homicídio. PF não confirma veracidade do documento
O presidente de honra da Associação dos Profissionais da Segurança (APS) e deputado estadual,capitão Wagner, criticou a atuação da Polícia Federal e informou que a APS dará apoio jurídico ao soldado baleado na operação da PF. O policial da 1ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM), Kaleb Pereira, foi atingido por dois disparos no braço, efetuados por agentes federais, dentro da Universidade Estácio Sá, no bairro Jóquei Clube, nesta quarta-feira, 13.

De acordo com o capitão, houve falha na operação da PF e o soldado não teve culpa. "Na verdade, a PF cometeu um grande equívoco. A cena do tiroteio demonstra que Kaleb não teve culpa. Ele se deparou com um PM fardado no chão com indivíduos sem fardas. Qualquer bom policial teria agido como ele. O Kaleb ainda ligou para a Ciops para informar que o PM estava sendo assaltado e pedir apoio. Ele fez todo o procedimento que deveria ser feito. Eu também iria reagir da mesma forma para defender um policial no chão, ainda bem que nada grave aconteceu", disse ele.

O soldado Kaleb precisou passar por procedimento cirúrgico e está internado no Instituto Dr. José Frota (IJF), sob a condição de acusado. O militar não corre risco de morte.

Nota de culpa
Nesta quinta-feira, 14, circulou no aplicativo WhatsApp a foto de um suposto documento de 'nota de culpa', da Superintendência da Polícia Federal, solicitando a assinatura do soldado Kaleb para ele admitir a associação para o tráfico de droga e tentativa de homicídio. Na imagem, aparece à suposta assinatura do delegado da PF, Janderlyer Gomes, responsável pelo caso. A PF não confirmou a veracidade do documento.

Segundo o capitão Wagner, a ação de culpar o militar baleado seria uma estratégia da PF para 'isentar' o delegado e os agentes envolvidos na operação. Apesar disso, o presidente de honra da ASP afirma que os federais também não tiveram culpa. "Isso é uma estratégia para isentar os policiais federais que lesionaram o Kaleb. Mas, acredito que eles também não têm culpa. O Kaleb agiu em legítima defesa ao ver um policial sendo agredido. Os policiais federais também agiram em legítima defesa', comentou.
Relaxamento de prisão
Os pais do soldado baleado se reuniram nesta quarta-feira, 14, com o capitão Wagner. A ASP prestará apoio jurídico e buscará o relaxamento de prisão do policial militar. "Temos três advogados analisando o caso para conseguir o relaxamento de prisão. Vamos conseguir em breve. A gente conseguiu tranquilizar os pais dele. É um rapaz jovem que vinha do Conjunto Ceará. A farda dele estava na mochila. Ele não estava ali para cometer um ato ilícito", afirma o deputado estadual.

O capitão explica que, ao desenrolar do caso, os advogados podem pedir indenizações para o PM. "Orientei aos advogados para pedirem indenização pelos danos causados a ele (Kaleb). Não só por danos morais, mas pelo dano físico. O osso do braço dele ficou esfacelado. Alunos informaram ao pai do soldado que policiais militares tentaram conduzi-lo ao hospital, mas a ação foi dificultada pelos agentes. Só foi conduzido depois de muito tempo", relatou Wagner.

O presidente da ASP, Reginauro Sousa, disse acreditar na inocência do soldado e preferiu não julgar a atuação dos policiais federais no caso. De acordo com ele, a ASP vai atuar na defesa de Kaleb juntamente com a Associação dos Cabos e Soldados Militares do Ceará (ACSMCE). 

"Enviamos o nosso advogado para acompanhar o Kaleb no IJF até ele entrar no Centro cirúrgico. Vamos fazer a defesa do Kaleb porque acreditamos na inocência dele. Foi uma fatalidade. Qualquer soldado compromissado com sua atividade não teria agido diferente ao ver dois companheiros de farda sendo abordados por dois homens. O Kaleb estava fazendo o trajeto dele, da casa para o trabalho", disse Reginauro.

Polícia Federal
O POVO Online tentou falar com o superintendente da Polícia Federal no Ceará, Renato Casarini, mas o contato não foi possível, pois ele estaria em uma reunião. A reportagem também tentou entrar em contato com o delegado Janderlyer Gomes, mas foi informado por um policial federal que ele não teria ido ao trabalho nesta quarta, devido ao cansaço por conta da operação realizada na terça.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Estado do Ceará (Sinpof), Carlos Onofre Façanha, informou que a associação dá suporte jurídico a policiais federais, mas não foi procurada por ninguém. Ele preferiu não comentar a atuação dos policiais federais.

Fonte: O Povo

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